Talvez ingenuamente, habituei-me a ver o Santo Huberto como uma modalidade com princípios e praticada por gente com valores com os quais me identifico. E comecei por mencionar o "ingenuamente", porque, infelizmente, de há uns tempos para cá noto uma tendência perigosa para que esses valores - e princípios - sejam frequentemente postos em causa.
Eu sei que qualquer actividade, de qualquer sector, não consegue estar imune a sentimentos pessoais ou à personalidade dos seus praticantes. O Santo Huberto não fugirá à regra. É praticado por seres humanos e - quer queiramos, quer não - existe sempre uma vertente competitiva. No entanto, e apesar disso, achei que poderia ser diferente. Infelizmente venho a constatar que assim não é.
Elitismos à parte, cheguei a pensar que a modalidade até poderia servir de exemplo de como "saber estar na caça". Talvez até numa versão romanceada da figura do "caçador".
Durante todos estes anos que faço parte da "família santohubertista", lutei pela sua imagem interna e externa. A melhor prova será a existência deste blogue e as centenas de publicações que faço nas redes sociais.
Por vezes dou por mim a fazer uma retrospectiva sobre tudo aquilo que vivi e passei no Santo Huberto e do quanto "lhe" estou agradecido. De toda a gente maravilhosa que conheci, dos amigos que fiz e - sobretudo - dos valores que tentei advogar e promover. Valores e princípios esses que considero deverem ser apanágio da caça e dos caçadores.
"Ego" - a partir da interpretação filosófica - significa o “eu de cada um”, ou seja, o que caracteriza a personalidade de cada indivíduo.
"Vencer" - superar, ultrapassar.
"Fair play" - desportivismo, capacidade de aceitar com serenidade um resultado ou uma situação adversa.
Lidar com egos não é fácil. Cada um tem o seu e poucos
estarão dispostos a abdicar disso, mas (na minha modesta opinião), ainda
não servirá de justificação para o "vale tudo".
Todos nós queremos e gostamos de vencer, no entanto (e neste caso), não deve ser esse o principal objectivo. O Santo Huberto - como modalidade - deve estar muito acima desse tipo tão mesquinho de sentimento.
Sei que esta publicação não irá agradar a muita gente. Alguns até meus amigos e pelos quais nutro uma imensa admiração, consideração e tenho um profundo respeito, mas é por esses mesmo que o escrevo. Este meu "apelo" é para todos.
Não gosto de fazer sermões, nem de proferir sentenças. Não sou padre, nem juiz e muito menos serei perfeito.
Não gosto de fazer sermões, nem de proferir sentenças. Não sou padre, nem juiz e muito menos serei perfeito.
De há algum tempo a esta parte tenho assistido a algumas situações que nunca pensei serem possíveis no Santo Huberto. Zangas entre companheiros que antes eram inseparáveis, insultos velados (e por vezes até explícitos!), boicotes e teorias da conspiração, muitos mexericos à mistura, etc, etc.
Este não pode, nem deve, ser o "nosso" Santo Huberto. Esta não é a imagem que devemos transmitir aos recém chagados à modalidade. Menos, ainda, será aquela que queremos passar para a sociedade em geral.
Faço daqui um apelo a todos. Ponderem as vossas prioridades no que ao Santo Huberto diz respeito. E quando digo "vocês", englobo praticantes (nos quais também me incluo), juízes, dirigentes e todos aqueles que estão, de uma forma ou de outra, envolvidos.
Façam do Santo Huberto em bom exemplo e não apenas mais um mau exemplo.