Organizar provas não está fácil e cada vez será mais difícil. Não, e não me refiro à actual conjuntura anti-caça, refiro-me à pura "matemática dos números".
2021 foi um ano onde houveram muito poucas provas oficiais. E entenda-se por "oficiais", as provas organizadas pelas organizações do sector da caça. Como é sabido, apenas a FENCAÇA organizou o seu CN, embora em moldes diferentes. Todas as outras provas foram da responsabilidade de organizações particulares. Diria mesmo que foram estas o motor que permitiu que a modalidade não tivesse apenas uma actividade residual.
Para 2022 o panorama não será muito melhor. A FENCAÇA continuará a fazer o seu CN, com o mesmo ou outro formato, a CNCP será sempre uma incógnita no que às federações suas associadas diz respeito. Restar-nos-ão as tais provas e troféus não oficiais, organizados por clubes ou particulares.
Chegados aqui, convém pensar, também, na sustentabilidade económica das provas. Todos sabemos sabemos quanto custam as perdizes (mesmo dependendo da época do ano), quanto se poderá gastar nos prémios e lembranças e das ajudas para os juízes (e realço que estes, na maior parte das vezes, nem as solicitam e suportam do seu bolso as despesas).
Estávamos habituados a que uma prova custasse uma média de 35€, incluindo o pequeno almoço e o almoço. Facilmente se compreende que isso não é mais comportável. Os apoios que se poderiam obter cada vez são, e serão, menos e os números não enganam. Provas como antigamente já era... Se queremos continuar a fazer provas, temos de encontrar um novo paradigma.
Uma das consequências da pandemia foi que os almoços fornecidos pelas organizações deixaram de se fazer. Aí houve alguma margem em termos económicos. Mantendo-se o preço, mas sem as refeições, os tais 35€ podem ser suficientes. Por outro lado, caso se queiram fazer provas como antigamente - na minha perspectiva - uma prova nunca poderá custar menos de 50€. Eu sei que custa, mas custará muito mais não se organizarem provas por não serem viáveis, ou comportáveis.
Para o ano que começou agora terá da haver uma grande reflexão sobre este aspecto. O tempo das vacas gordas já acabou, os apoios e os patrocínios cada vez serão menos e mais difíceis de arranjar. As actividades ligadas à caça são, cada vez mais, politicamente incorretas e até as autarquias não mostram a disponibilidade antigamente manifestada. Resumindo, estamos entregues a nós próprios.
Para além de tudo isto, ainda vamos estar sujeitos aos ataques daqueles partidos que nos odeiam e que não vão descansar antes de conseguirem proibir tudo que esteja relacionado com a caça. Inclusive a realização de provas.
O ano de 2022 não irá ser fácil e, por isso, teremos de estar cada vez mais unidos.
Desejo a todos um BOM 2022, com saudações santo-hubertistas.