Das muitas frases feitas que se podem adaptar ao Santo Huberto, eu escolheria esta: "Uma paixão não se explica, sente-se". E, como em qualquer sentimento/paixão, o essencial só se vê com o coração.
Poder fazer Santo Huberto é um privilégio. Usufruir da companhia dos meus amigos (concorrentes, juízes, postores, etc), com os quais partilho tantos bons momentos, faz-me sentir privilegiado.
Os últimos dois anos - por causa da situação pandémica - foram completamente atípicos. O formato habitual do campeonato nacional organizado pela Fencaça foi alterado, adaptando-se à nova realidade. A verdade é que, mal ou bem, houve campeonato. Eu diria que foi o Campeonato possível e que, ainda assim, contou com uma grande participação. Eu não partilho da ideia que o campeonato nacional é uma espécie de fase de apuramento para o campeonato do mundo. Acho que vale só por si e será sempre uma honra vencê-lo.
Assim - por não ter deixado "morrer" o Santo Huberto - no papel de organização oficial, tiro o meu chapéu à Fencaça. A isso acrescento o importante contributo dado para que pudesse-mos treinar os nossos cães durante os períodos de confinamento obrigatório, através da habilitação dada pelas credenciais.
O outro motor que manteve o barco em andamento foram as várias organizações particulares. Sejam elas de clubes de caçadores, alguns clubes de raça (embora com a participação limita as essas raças), ou mesmo grupos de amigos. Este tipo de organizações ainda foram as que mais contribuíram para que fossemos fazendo umas provas com alguma regularidade.
A grande decepção foi a CNCP. Uma organização que tinha tão grande tradição no Santo Huberto, aproveitou a pandemia para desaparecer de cena com pezinhos de lã. A "desculpa" que não serviu para os outros, assentou que nem uma luva para a CNCP. Nem campeonatos regionais, nem nacional, nem a Taça Dr. Arménio Lança. Foram dois anos em que nada organizaram e temo que mais virão, com ou sem pandemia... Louvo, no entanto, a amabilidade que o seu presidente teve, ao responder às questões por mim colocadas por mail e que, em tempo oportuno, aqui divulguei.
Este ano também sofremos vários e graves ataques por parte das forças politicas que são contra a caça. Alguns ainda estão em cima da mesa e, caso venham a ter sucesso, vamos ter muitos problemas no futuro. Desde a utilização dos campos de treino, à produção de espécies cinegéticas em cativeiro, até à constante desinformação e tentativas de intoxicar a opinião pública através de mentiras várias, o nosso futuro como modalidade ainda está em risco. Espero que o equilíbrio das forças politicas no parlamento nos possa vir a ser favorável. O constante ataque a algumas tradições, que agora apelidam de anacrónicas, podem a curto prazo acabar com a nossa paixão. Temos de estar atentos!
Até ao fim do ano ainda se perfilam algumas iniciativas. Desde logo no próximo sábado em Assumar, Monforte, uma prova organizada pela Estremoluz e em Outubro a tradicional Taça Ibérica, organizada na feira da caça de Mértola e em parceria com a Fencaça.
Até ao fim do ano também irei realizar a X edição do troféu Blogue Santo Huberto. O local ainda está por definir, mas irá ter uma nova orgânica. Será mais uma tentativa de inovar e encontrar novos incentivos para a participação de todos.
Saudações santo-hubertistas